🛠️ Ex-faxineira aprende marcenaria por vídeos e cria ateliê premiado na periferia
Aos 42 anos, Márcia Conceição trocou a vassoura pelo formão. Moradora do Capão Redondo, zona sul de São Paulo, ela passou mais de duas décadas trabalhando como diarista, até descobrir acidentalmente a marcenaria ao limpar um ateliê artesanal. “Foi amor à primeira lixa”, brinca. Naquele dia, observando um senhor moldar um pedaço de madeira, sentiu que poderia fazer aquilo também.
Sem dinheiro para cursos, Márcia passou a estudar sozinha à noite. Assistia tutoriais no celular emprestado da filha e praticava com restos de madeira encontrados nas caçambas do bairro. “O primeiro banquinho saiu todo torto. Mas eu guardei até hoje. Me lembra que todo começo é assim”, diz, rindo.
🔨 Superando os limites
Aos poucos, passou a fazer pequenos reparos para vizinhos. Uma gaveta aqui, uma prateleira ali. Com o tempo, começou a receber encomendas de móveis personalizados. A fama do “toque feminino” nos detalhes fez com que a clientela crescesse, mesmo sem redes sociais. “Era tudo no boca a boca. E funcionava.”
Em 2022, incentivada por uma amiga professora, Márcia inscreveu seus móveis em uma feira de design independente. Levou dois puffs e uma cadeira de balanço infantil. Para surpresa geral, ganhou o prêmio de “criatividade popular”. “Nunca tinha saído nem do bairro direito. De repente, estavam me aplaudindo no centro da cidade.”
🏡 Ateliê de portas abertas
Com o prêmio, montou um pequeno galpão no fundo de casa. Ali, criou o Ateliê Conceição — espaço onde ensina mulheres da comunidade a trabalharem com marcenaria, oferecendo cursos gratuitos e oficinas de geração de renda. “Se eu aprendi sozinha, elas também podem. Falta mais oportunidade do que talento”, defende.
Hoje, o ateliê já capacitou mais de 90 mulheres. Muitas conseguiram sua independência financeira e seguem como parceiras de Márcia em novos projetos. “A madeira mudou minha vida. Mas ensinar mudou ainda mais.”
🌱 Raiz que cria futuro
Márcia agora sonha em abrir uma loja colaborativa com peças feitas só por mulheres da periferia. “Não quero crescer sozinha. Quero que a vitória seja coletiva. A marcenaria é só a ferramenta — o que muda mesmo é a autoestima.”
📅 Por Última Zueira — Publicado em 8 de agosto de 2025.
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